Pegue um cafezinho e fique à vontade

"Você acaba de entrar no meu blog, então, pegue uma xícara de café e fique à vontade pra rir das minhas loucuras e até dar palpite sobre elas. Afinal, não sou a dona da razão completa, apenas dona da minha razão absoluta. E tudo o que vier, será pra me ajudar"
"Há dois anos quando comecei o blog, a intenção era de criar um blog de emagrecimento. Com o tempo, descobri que melhor que emagrecer é poder desabafar. Então, continuando como diário e funcionando como psicanalista. A melhor maneira de viver bem é compartilhar seus medos, seus anseios, sua vida. Prefiro postar para desconhecidos e amigos, do que para conhecidos que se dizem amigos e que agem como inimigos";

terça-feira, 20 de abril de 2010

Decifrando amizade – Parte XVIII – Deus por perto. Um sonho... Uma mensagem...




Após todos os acontecimentos, dos e-mails e tudo, a amizade virou lenda.

No domingo seguinte aos e-mails, pensei que ela iria embora na boa e só. Doce engano o meu.

Esperei todos saírem, pois aguardava a companhia de algumas amigas para ir comigo até o ponto de ônibus (lembrando que o lugar é perigoso).


Quando desço as escadas do centro, eis que ela está no portão me esperando e diz: Você vai comigo Vitória?


Eu tremia de raiva, mas friamente balancei a cabeça negativamente sem olhar pra ela.
Pensei:
“Que absurdo!”
Quando balancei a cabeça negativamente, ela disse: Você vai de ônibus, sozinha?
Eu balancei a cabeça afirmativamente e disse: Vou.

As pessoas que estavam por perto não entenderam nada.
Ela foi pro carro do namorado e eu subi a rua com Tereza e Marcela.

Tereza já sabia da história e me segurava no braço... Marcela não entendia nada.
E eu não agüentei:
“É muita cara de pau mesmo. Como pode ter coragem de perguntar com ela depois de tudo o que aconteceu? Ahhh, meu Deus, se ela soubesse o que eu penso. Prefiro ir a pé, de ônibus porque o motorista não vai me mandar descer e ir a pé!!!! Eu não agüento, eu não agüento!!!"

Tereza falava para eu me acalmar e Marcela perguntava o que tinha acontecido.
Falei:
Má, simplesmente ela me mandou descer do carro na semana passada, naquele frio, naquela garoa. Estou muito magoada com isso. Eu não fiz nada de errado para ela me tratar assim".
Marcela ficou com cara de boba não acreditando que a doce Alice que todos admiram tinha feito algo assim comigo, que era tão amiga dela.
Enfim, os vinte minutos que eu levaria de carro, tornaram-se 2 horas de ônibus no domingo.


Passado tudo isso, cumprimentávamos com um sonoro ‘oi’ e mais nada. Às vezes, quando ela saía abraçando todo mundo e eu tava por perto, ela me abraçava também e perguntava mecanicamente se estava tudo bem comigo. Eu respondia que sim.

Após dois meses, fui viajar, já que estava desempregada. E só falei para a professora, pra Tereza e pra Marcela. Eu nem falaria para as duas, mas falei, pois são grandes amigas e ficariam preocupadas com a minha ausência.
Peguei o avião e fui embora. Pensando e pedindo a Deus que esse tempo fosse para o meu bem, e para que as coisas acalmassem.
Na viagem, conheci muita gente humilde e suuuuper do bem, nunca fui tão paparicada na minha vida.

Engordei cerca de 7 a 10 kgs e peguei um lindo bronze.
Nem me incomodei com o fato de ter engordado... essa minha luta com a balança será eterna mesmo.

Em uma dessas noites longe de tudo e todos, eis que sonho com Alice. Acordei reclamando com Deus, falando: Que porcaria, até aqui eu tenho que sonhar com essa menina!!!

Deus pra mim, é um amigo, alguém com quem tenho afinidade, que não temo, respeito, amo, mas trato como um amigo querido, um pai que amo e tenho infinita amizade. Por isso, falo assim com ele. Converso bastante.
Mas, como tudo o que Ele faz é perfeito, eis o sonho... um sonho estranho, não tenho muito o que falar, pois estava ‘quebrado’, não me recordava de muita coisa, mas vocês vão entender depois.

Estávamos Alice e eu dentro de um quarto que tinha uma cama. Alice sentava nos ‘pés’ da cama... e eu na cabeceira. Não falávamos nada. Estávamos em silêncio, meio que emburradas. Com uma feição pesada, ela mais que eu. Eu olhava pra ela, mas ela não olhava pra mim. Estava sentada e quieta. De repente aparece um rapaz branco com os cabelos em tom loiro e para em frente a ela. Ela não faz nenhuma reação, parece não o ver. Ele olha com carinho pra ela e estende a não direita sobre sua cabeça e fica assim por alguns segundos. (É como receber um passe). Depois, ele abaixa o braço, olha pra ela com carinho, se vira e vai embora. (E eu sentada vendo tudo). Antes de ele ir embora, ele olhou pra mim e saiu.

Quando acordei e pensei no sonho, logo liguei a figura do loiro com o namorado dela. E fiquei reclamando por ter que sonhar com ela de tão longe.

Os dias passaram e voltei pra São Paulo, fiquei apenas um dia, e peguei um ônibus rumo ao sul do país. Peguei um bronze, depois fui esfriar a cabeça.
Nessa segunda viagem, nada me aconteceu referente a ela. Mas, numa noite de domingo ouvi algumas besteiras que me magoaram. Fui chorar embaixo do chuveiro, me arrumei e sai pela cidade sozinha.
Olhava para o céu totalmente estrelado e pedia a Deus um caminho, uma luz, uma calma pra minha alma. Respirava fundo, pensava na vida e como mesmo assim, as coisas estavam difíceis pra mim. Agradecia muito a Deus por ter Tereza e Marcela em minha vida. E pensava com carinho nelas, e inevitavelmente veio a imagem de Alice na mente. Não quis pensar nada negativo, mas perguntava pra Deus o porquê mesmo longe, ela não saía dos meus pensamentos.
Andei, andei como se fosse a última vez que estava naquele lugar, admirei cada casa, cada arvore no canteiro das ruas. Depois de algum tempo, voltei para casa que estava, peguei um livro e comecei a ler.
Depois de alguns dias, mais gorda, preta de tão bronzeada, arrumava minhas coisas pra voltar pra casa.

Quando voltei pra casa, recebi os torpedos de Tereza dizendo estar com saudades, que contava os dias pra me ver. Tereza é alguém que me emociona por tudo que é e por tudo o que faz. É uma menina linda, jeito de menina, num corpo de mulher aos doces 29 anos de vida.
Chegando em casa, resolvi ficar quieta por mais dois dias, então, resolvi ligar pra ela.

Conversamos durante horas. Matando a saudade e contando tudo o que vivi.

Tereza é uma pessoa extremamente discreta, não faz fofoca, é bem na dela mesmo. Só quando eu comentei que mesmo longe, Alice não saia da minha cabeça foi que ela disse:
“Vitória, minha irmã querida, tenho algo a lhe falar, mas peço de todo coração que você não comente que te falei uma palavra sequer”.
Eu:
“Ai, meu Deus o que foi?”
Ela:
“Minha linda, não foi por acaso que você sonhou com ela ou estava com ela em pensamento. Eu machuquei meu braço e disse que não iria a aula, pois não poderia pegar ônibus. A bichinha fez questão de vir aqui em casa me buscar. Dizendo que o carro não cansa. Eu disse que não precisava, mas ela fez questão. Então, marcamos dela me pegar às quatro horas da tarde. Quando era três e pouco, ela já estava aqui”.
Eu: hummm (escutando)
Ela: “Você conhece o jeito dela, perguntou se estava tudo bem, se eu estava com dores. Enfim, conversamos, falamos algumas besteiras, foi quando ela perguntou de você”.
Eu: "De mim?"
Ela: "É. De você. Eu disse que você estava muito bem, que estava viajando pra esfriar a cabeça. Ela disse que você merecia mesmo. E de repente, Vitória, essa menina caiu num choro, mas num choro tão intenso que eu não sabia o que fazer. Minha amiga que estava aqui ficou até sem jeito, pedi pra que ela pegasse um copo com água para que Alice se acalmasse".
Eu:
"Mas porque ela chorou?"
Ela:
"Por causa de você, minha amiga. Ela disse que te ama como uma irmã, que sabe que tem os defeitos dela, que às vezes ela pisa na bola, que pode ter te magoado, mas que a sua ausência na vida dela dói demais. Que ela não sabe o que fez, mas que sente demais a sua falta. A bichinha chorava de soluçar, Vitória. Era de cortar o coração, os olhos dela ficaram miudinhos.
Eu falei pra ela, que se ela sabe que as brincadeiras machucam, que ela pensasse um pouco. Que você também gosta muito dela, mas que você precisa de um tempo.
Amiga ela chorou copiosamente, um choro de dor mesmo. Quando ela dirigia, ela tremia. Eu vi a mão dela tremendo de tanto que isso a machucava. Então, minha amiga, pense no que você vai fazer. Ela gosta muito de você".

Eu: "E você sentiu sinceridade?"
Ela:
"Senti minha amiga. Só peço que você não fale sobre isso com ela, mas que pense no que vai fazer, ela te ama demais e sente sua falta".
Eu:
"Mas, Tereza. Se ela sente falta, porque fez tudo o que fez?"
Ela:
"Não sei. Vitória. Mas, senti que ela precisava desabafar e por isso, ela veio bem mais cedo do que tínhamos combinado. Vai ver que é por isso que você pensava nela. Vocês se gostam, só precisam resolver isso".




Dia de aula:
Todos me receberam com muito carinho, comentando o bronze e tal.. perguntando como foi a viagem, etc, etc.
Eis, que o momento fatídico aconteceria, eu cumprimentaria todo mundo e como não cumprimentar Alice? Não tinha como.
Tentei fugir, Tereza, me chamou e falou olhando no fundo dos meus olhos:
"Minha amiga, não faça isso, você não é assim, ela gosta de você. Você é tão boa, minha filha é tão generosa, não vai fazer isso com ela. Eu não acredito".
Eu olhei nos olhos de Tereza e perguntei: "
Tem certeza de que o que você me falou é verdade? Tem certeza que você sentiu sinceridade?"
Ela: "Tenho".

Então, no intervalo de uma aula pra outra, fui até Alice, que estava sentada tomando a coca-cola que tanto ama, e quieta. Parei na frente dela e disse:
Eu:
"Então, minha amiga, como você está? Tudo bem?"
Ela:
"Indo, e você tudo bem? Fiquei sabendo que viajou".
Eu: "É, viajei sim".
Ela: "Que bom. Você ficou sabendo do meu Tiago?"
Eu: "Tiago? Que Tiago? Filho da Verusca?"
Ela:
'é'
Eu: "Não, o que tem ele?"
Ela:
"Ele faleceu".
Eu:
"Como assim?"
Ela começou a chorar, sentei-me ao lado dela, segurando sua mão e ouvi:
"Ele estava andando de bicicleta, caiu, quebrou o pescoço e morreu. Minha tia está acabada, perdeu a mãe em fevereiro e agora o filho".
Eu:
"Nossa, eu não sabia, sinto muito".
Ela: "Eu tentei ligar na sua casa, mas ninguém atendeu. Sabe, está muito difícil pra mim. Minha avó morreu, meu primo morreu, meus amigos se afastaram de mim (e apertou a minha mão). Você e a Paulinha sumiram, estou sozinha, não tenho vontade de nada. Meu irmão está com problemas no casamento, minha irmã separou e minha mãe nem sabe e eu levando isso tudo sozinha. Estou cansada, sozinha. Não tenho vontade de fazer nada, só saio de casa pra trabalhar, porque não tenho vontade de nada. Só fico no meu quarto. Está sendo muito difícil, muito difícil mesmo".
Eu:
"Você não está sozinha, eu estou aqui, se você precisar conversar vai lá em casa, estou só com a minha mãe. Vai qualquer hora. Você sabe que pode contar comigo".
Ela: "Eu não tenho vontade de nada".
Eu: "Mas, vai lá em casa, me liga. Podemos conversar ta". ( a aula iria começar )
"Manda um beijo para sua tia e outro pra sua mãe, mas vai lá em casa".
Ela: "Ta bom".

Voltei pro meu lugar, mas ao começar a aula, perguntei pra Tereza se ela se incomodaria de eu sentar ao lado de Alice. Ela precisava de alguém ao lado. Tereza falou que não e achou melhor chamar Alice para sentar junto a nós, mas Alice não quis.

A aula passou.
Na hora de ir embora, nos abraçamos e desejamos uma boa semana.
Sinceramente?
Eu fiquei sem palavras, posso ter agido como uma boba e tal. Mas, a verdade é que conheço toda a família, tios, primos, conhecia a avó... então, por mais mágoa que eu tivesse, impossível ser indiferente nesse momento. Sei lá, não sei ser ruim e tão indiferente.

Voltei pra casa...
Quando cheguei em casa e fui fazer meu evangelho no lar... um lampejo!!!!!!!!!

O sonho!!!!!!! O sonho!!!!!

Fiquei mole, sentei na cama, estava boquiaberta com a situação. Precisava organizar meus pensamentos.
O sonho foi um sinal. No sonho não era o namorado dela, mas sim o primo antes de morrer ou depois que morreu, não sei, pois não liguei as datas. Mas, o primo dela, veio em sonho para mim, dizer que ela estava triste, por isso a cara fechada e a cabeça baixa... eu achando que estava emburrada. Ele veio em sonho dizer que ela estava triste, mas que a amava muito e que estava bem, por isso ele deu um passe nela.

Sem eu saber, fui usada como instrumento para dizer que ele estava bem e ser avisada que ele desencarnou.


Mas, como eu iria saber né?

Na semana seguinte, contei pra ela resumidamente, o que a emocionou muito.

Termino esse post longo, dizendo, Deus está sempre por perto e nada, nada é por acaso.


Até o próximo post.
Vitória/ Bridget

domingo, 11 de abril de 2010

Decifrando amizade – Parte XVII – O e-mail






Confesso que fiquei extremamente triste com a situação e ao mesmo tempo com raiva. Qual é a dela? Antes que não tinha amigos, eu servia, agora que está namorando praticamente três anos sem beijar na boca e muda dessa forma? Que amizade é essa que quer retribuição sim, que chama atenção na frente dos outros, que não chama pra sair só pq fiquei desempregada e agora que arruma namorado, fica assim? Vai longe de mim...

Ela que falava tanto de caras novos como ‘filhotes’ e que quando eu iria apresentar um amigo branquinho e loiro, ela falou: Credo, uma coisa amarela.

Pois bem, caiu na testa. O namorado tem 23 anos, é branco e loiro... ela 29. E aí, cadê o filhote amarelo.

Claro que ela aceitou namorar com ele... afinal, já que o cara de voz mansa engravidou e casou com outra... ela não poderia mais esperar por uma oportunidade... coisa rara pra ela.



Enfim, no dia seguinte a expulsão do carro, eis que recebo um e-mail como palavras como:

Eu sei que as coisas estão difíceis pra vc, mas confesso que fiquei muito chateada com o que aconteceu ontem. Vc se afastou de mim e não sei porque. Está agressiva comigo e não sei o que fiz. Somos amigas, sempre conversamos, nunca fiz questão de ser perfeita, mas não sou. Mando e-mail, torpedo, mas vc não responde. Só tenho recebido agressividade e indiferença. Sou sua amiga e prefiro que me agrida com a verdade do que com a indiferença. Amo como uma irmã e não estou feliz com a situação. Aceita tomar um café comigo e conversarmos?



Juro, que fiquei sem palavras... como ela é inocente e eu a má. Ela não sabe o que fez? Eu sou agressiva, sendo que sempre fiquei quieta e nunca revidei as ironias dela. Sempre fiquei quieta justamente para preservar a amizade. Ahhh não...

Sei que fiquei pensando por três dias para poder responder e ser orientada espiritualmente sabe... Pq por mais que ela tenha me magoado muitas vezes... eu não queria fazer o mesmo. Muito embora a vontade era de falar um monte, mas como a conheço. Ela iria fazer um drama e iria chorar. Em conseqüência, eu me sentiria culpada. É eu sou PATÉTICA! É FODA.



Depois de pensar, refletir resolvi responder e dentre as minhas palavras:
“Eu poderia me defender, me justificar ou qualquer outra reação, mas não tenho motivos para me justificar, por que eu não errei e também não quero julgar a sua brincadeira.
Você se sentiu mal? Já tentou imaginar como eu me senti? não sei onde tenho sido indiferente e agressiva e se você quer conversar não vejo problemas nisso”.



E enviei.



Eu sabia que não poderia dar munição pra ela. Munição não no sentido de brigar, mas sim, no sentido de que ela era a certa e eu a indiferente. Caramba, eu me afastei sim, após ouvir tanta coisa e após se praticamente excluída da sua roda de amigos. Ela queria que eu fizesse oq? Que implorasse?

Que porra, será que ela não lembrava dos problemas que tinha em casa e que agora desempregada as coisas ficariam piores para o meu lado?

Ela não pegou o telefone pra ligar e saber como estou, ela jamais veio até minha casa pra ter notícias minha.

Eu sofria, pois quando mais precisei, estava sozinha. Isso dói demais gente!

E a questão não é ser ‘trocada’ por um namorado, eu sempre a elogiei e torci pra ela arrumar alguém. A questão é que me senti usada. Agora que não precisava mais, fui descartada.



A resposta dela referente ao e-mail e sairmos para conversar foi a seguinte:



"Mandei o e-mail por causa dos últimos meses e não pelo domingo. Desculpe-me a brincadeira, isso não irá se repetir... é bom que assim você vê que não é só você que tem defeitos. A Intenção do e-mail era pra saber se existe alguma indiferença ... mas como vc nãso falou nada vou acreditar que não há nada!!!

Nos vemos no domingo!"





Minha reação:

Hã???

E aí, cadê o cafezinho? E aí, cadê conversarmos? E aí, ficou com medo de enfrentar seus erros.



Eis a minha pergunta: Ela se arrependeu? Ela pensou?



Eu, até hoje, não sei o que pensar.


Até o próximo post.
Brid/Vitória

domingo, 4 de abril de 2010

Decifrando amizade – Parte XVI – Pára o carro que ela vai a pé



Mesmo assim, com afastamento parcial, íamos juntas para o curso e voltávamos juntas. Sem problemas, só não havia mais tantos papos e nem as baladas.
Ela comentava que ia com a turma de sexta feira ao cinema sempre, ou comer algo, ou pra algum canto. Que ela tinha conhecido alguns meninos da mocidade e que a turma havia crescido.

Bom, como eu não tinha mais a companhia dela nos finais de semana, resolvi visitar uma amiga em Osasco. Eu ia no sábado e voltava no domingo para não perder as aulas.
E era o que eu fazia. Já que ficar em casa aos finais de semana era algo insuportável para mim, pois meus pais sempre arrumavam encrenca com vizinhos por causa de som, ou ficavam reclamando da vida ou falando dos outros. Como eu não gosto disso, era horrível ficar em casa, e eu corria para casa dessa amiga. Levava DVD’s e como ela também não estava numa situação boa, pois havia se separado, ficávamos em casa, vendo filme e conversando até o raiar do domingo.

Todos os domingos, Alice me ligava e avisava que estava de saída pro curso, que passava em minha casa ou para eu esperá-la em algum lugar. SEMPRE foi assim.

Acontece que num desses domingos, fui pra Osasco e não a avisei. Só que ao invés dela ligar em casa e falar com minha mãe, ou ligar no meu celular. Ela foi direto para minha casa. Minha mãe a atendeu e disse que eu não estava em casa, que estava em Osasco.

Quando cheguei ao curso, ela ainda não havia chegado.
Logo ouvi a voz dela respondendo a algum colega sobre mim: Não sei, ela não estava em casa, parece que foi visitar uma amiga.

Ela entrou na sala, cumprimentou a todos, inclusive a mim. Perguntou se estava tudo bem, eu disse que sim. E a aula seguiu.

No domingo seguinte, ela estava toda empolgada. Quando entrei no carro, ela já veio perguntar se havia novidades... eu disse que não. Após virarmos a primeira rua, ela disse: Ai, preciso te contar uma coisa. Estou desde segunda sem contar pra ninguém.
Eu, ‘mega interessada’: É, oq?
Ela: Ai, eu fiquei com o João.
Eu: que João?
Ela: Aquele da mocidade.
Eu: Não sei quem é.
Ela: Aquele que te falei que saía com a turma.
Eu: Ah, legal.
Ela: Ai menina, o povo marcou de ir ao cinema, mas ninguém foi. Quando cheguei só estava ele lá. Era combinado deles. Eu nem sabia. Aí, ficamos. Num sei no que vai dar, mas precisava contar pra alguém.
Eu: Que bom.

Como ela percebeu o meu total desinteresse sobre o assunto, não falou mais nada e nem eu.
Eu sabia que ela queria que eu perguntasse detalhes etc e tal, mas sinceramente, o que ela fazia ou deixava de fazer não me interessava mais, afinal não me excluiu das saídas? Então, me poupe.

E gente, coitada né, desde 2006 quando voltei a ter contato com ela e a sair que ela não tinha ficado com ninguém. Enquanto eu fiquei, namorei, peguei.. etc.

Mas, oras, vai contar pra suas amigas, porque conta pra mim? Pra saber que está tudo bem e que você está feliz, eu sirvo. Para saber realmente como estou, não há razão.
Lamento, foi o que eu pensei.

Enfim, a nossa rotina era essa, nos vermos apenas nos finais de semana e por uma única razão: os cursos.

No domingo seguinte a este, fui novamente pra casa da minha amiga e não a avisei. Como disse, ela sempre ligava quando saía de casa, avisando que ou passaria na minha casa e me pegava ou me pegara em algum lugar próximo.

Logo no domingo pela manha, recebi um torpedo: “Oi, vou direto para o curso”.
Como sempre, eu cheguei primeiro.
Quando ela chegou e cumprimentou as pessoas, falou pra mim: Oi, tudo bem? Desculpa não passa na sua casa...
Ai eu cortei: Ah, não tem problema, eu não estava em casa mesmo.
Ela: Ah é?
Eu: É.
Ela: Então, avisa, pra eu não fazer papel de besta e ir até lá se vc não está.
Eu: Ta bom.

Filha da mãe, ela falou isso alto, na frente de todos, dando a entender que eu estava errada. Ahhh, que raiva. Que merda que não pude responder a altura, pois estava num templo. Ela sempre ligou antes, senão ligou e deu com a cara no portão, problema dela, pois durante dois anos ligou. E na boa, eu nem fiz por mal, em não avisar. Pensei mesmo, que ela ligaria e minha mãe a avisaria.

Nossa, naquele momento meu sangue subiu, e durante as vibrações pedia a Deus proteção e calma pra não estourar.
Engoli a seco, e resolvi não ser orgulhosa e voltar com ela pra casa.
O curso terminou. Noite gelada de domingo. Local perigoso.
Quando saio na rua, está o irmão dela e esse João.
Eu subi a rua em direção ao carro dela.
Ela gritou: Espera aí.
Eu fiquei quieta e esperando ao lado do carro, conversando com uma amiga ao celular. Congelando de frio.

Ela e o irmão subiram. Cumprimentei-o.
Eles perguntaram se eu tinha alguma coisa. Respondi que não, que estava numa ligação.
A vontade que tive era de falar: Puta que pariu né, nesse frio e eu aqui congelando nessa rua perigosa, enquanto vocês estão batendo papo? Porra, podiam deixar a chave e eu entrava no carro.
Mas, Vivi, Vitória, ficou quieta.
Como o irmão dela, morava distante um pouco, pedi que me deixasse na avenida perto de casa, que não precisava me deixar em casa.
Tentei facilitar, pois realmente me deixar na avenida já quebrava um galho e tanto.
Aí começaram e falar que eu era chata etc e tal.
Ela perguntou algo sobre um casal da turma, onde a resposta era sim ou não. Eu respondi: Não.
Aí, ela toda sem graça, ah ta, obrigada.
E o silêncio dentro do carro.

Acabaram por me deixar em casa mesmo, agradeci e desejei uma ótima semana.

Eis o dia patético:
Próximo domingo.
Novamente fui pra casa da minha amiga, de lá, fui direto ao curso.
Já pensando em não voltar com ela.

Porém, dentro do templo... acredito que com auxilio dos anjos, algo me dizia pra não ser orgulhosa e aceitar. Afinal, seriamos somente nós duas.
Hora de ir embora.
Ela: Você vai comigo?
Eu: Vou.
Oras, pq perguntou se vou com ela, sempre fui.

Eu, com uma mochila pesada de roupas, sai do templo.
Fomos subindo a rua...

Cadê o carro dela????

Simplesmente o irmão dela, estava em pé ao lado de outro carro nos esperando.
Cumprimentei e entrei.
Era o carro do João – o carinha que ela beijou, que ficou, que ficava... enfim sei lá.

Ela falou: Você conhece o João?
Eu: Não.
Nos apresentou.
Estava um frio de 8ºC naquela noite, a garoa fina caía.

João e o irmão dela na frente, nós duas atrás. João deu a partida no carro.
Ela disse pro irmão: Ensina o caminho da casa dela pra ele.
Ele: ta
Eu: Não precisa me deixar em casa, pode me deixar na avenida que está bom.

(eu disse isso, pois o menino teria que me deixar em casa, pra depois deixar o irmão dela em casa, pra depois deixar ela em casa e ir embora. Me deixando na avenida, ajudava, pois seguia direto pra casa do irmão. E outra, ele não tinha a obrigação de me dar carona. Tanto que na hora que vi que não era o carro dela, quis falar: Não, não deixa que vou de ônibus )

Ela: Ta doida, nesse frio?
Eu: Ué, o que tem o frio demais? Nada a ver.
O Irmão dela: ah, fica quieta, nhenhenhenhem.
Ela: Ah, então, pára o carro que ela vai a pé, João.

Calmamente, peguei a alça da mochila e disse:
Pode parar, eu desço. Sem problema.

Ela: Olha só, ainda por cima é malcriada??!!!!!
Eu: Ué, é só parar, eu saio.

Pararam??? Claro que não.
Acho que todo mundo ficou sem graça, pois não esperavam a minha resposta... calma.
Acredito que ela pensava que eu não iria falar nada, como sempre fiz, mas na boa. Naquele momento me senti muito mal.
Só porque estava na companhia do amigo ou namorado, sei lá. Achava-se no direito de me tratar assim???
Expulsando-me.

Enfim, me deixaram em casa mesmo a contra gosto e com o coração despedaçado e a cara no chão.
Agradeci a carona, desejei boa semana a todos, enfiei a chave no portão, entrei e nem esperei eles fazerem o retorno, como sempre fiz, pra dar tchau e fechar o portão.

Fiquei passada, nervosa, com vontade de falar um monte, me senti humilhada...
Não precisava falar assim, por causa de uma carona. Eu nunca pedi, pensei que fazia por consideração.
Agora que estava namorando, queria me diminuir na frente dos outros?
Eu queria socar, mas chorei muito depois.

Brid/ Vitôria